É Seguro Usar a Pílula do Dia Seguinte?

A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência que pode ser usado após uma relação sexual desprotegida ou quando o método contraceptivo habitual falhou, como acontece quando o preservativo estoura ou a pílula anticoncepcional foi esquecida

A pílula do dia seguinte pode ser composta por levonorgestrel ou por acetato de ulipristal, que funcionam atrasando ou inibindo a ovulação. 

As pílulas contendo levonorgestrel devem ser usadas até 3 dias após a relação sexual, enquanto as pílulas que contêm acetato de ulipristal podem ser usadas até 5 dias após a relação sexual desprotegida. 

No entanto, como a eficácia da pílula diminui à medida que os dias passam, é aconselhado tomar a pílula do dia seguinte o mais rápido possível. 

A pílula do dia seguinte pode ser comprada nas farmácias e não necessita de receita médica.

Mas será que a pílula do dia seguinte é segura e eficaz? Quais são os seus riscos e benefícios? Como ela interage com outros medicamentos? Qual é a diferença entre ela e os contraceptivos regulares? E quais são as consequências de um uso frequente? 

Neste artigo, vamos responder essas e outras perguntas sobre a pílula do dia seguinte, para que você possa tomar decisões informadas sobre a sua saúde reprodutiva.

Momento Crucial: Quando e Como Usar a Pílula do Dia Seguinte

A pílula do dia seguinte deve ser usada em casos de emergência, sempre que existir o risco de uma gravidez indesejada, sendo recomendada nas seguintes situações:

  • Relação sexual sem preservativo ou rompimento do preservativo.
  • Esquecimento de uma ou mais pílulas anticoncepcionais.
  • Atraso na aplicação da injeção anticoncepcional.
  • Expulsão do DIU ou do anel vaginal.
  • Falha no coito interrompido.
  • Violência sexual.

É importante frisar que a contracepção de emergência, como o próprio nome diz, é um método de controle de natalidade para ser usado apenas em situações de emergência. 

De forma alguma a pílula do dia seguinte deve ser usada habitualmente, como substituta dos métodos tradicionais de controle de natalidade, pois é menos eficaz e não há estudos sobre a sua segurança nessa forma de uso.

É recomendado que a pílula do dia seguinte seja tomada o mais rápido possível, preferencialmente dentro de 12 horas ou até no máximo 72 horas depois da relação sexual desprotegida. 

A pílula do dia seguinte pode ser tomada em qualquer dia do ciclo menstrual, exceto quando já se tem atraso na menstruação, e pode ser ingerida com água ou junto com alimentos. 

Em casos de vômito ou diarreia dentro de 3 horas após a ingestão da pílula do dia seguinte, é importante que um outro comprimido seja tomado imediatamente. 

Caso esteja sendo feito o uso de pílulas anticoncepcionais, não é necessário interromper o uso. Após o uso da pílula do dia seguinte, é recomendado utilizar a camisinha ou o diafragma até o início da próxima menstruação.

Segurança e Riscos: Avaliando as Implicações a Curto e Longo Prazo

A pílula do dia seguinte é considerada um método seguro e eficaz para prevenir uma gravidez indesejada após uma relação sexual desprotegida. 

No entanto, como todo medicamento, ela pode apresentar alguns efeitos colaterais e contraindicações que devem ser levados em conta antes de seu uso.

Os efeitos colaterais mais comuns da pílula do dia seguinte são:

  • Náuseas e vômitos.
  • Dor de cabeça e tontura.
  • Dor abdominal e cólica.
  • Sangramento irregular e alteração do ciclo menstrual.
  • Sensibilidade nas mamas e inchaço.
  • Alterações de humor e cansaço.

Esses efeitos costumam ser leves e transitórios, desaparecendo em poucos dias. No entanto, se persistirem ou forem muito intensos, é recomendado procurar um médico.

A pílula do dia seguinte não deve ser usada por mulheres nas seguintes situações:

  • Gravidez suspeita ou confirmada.
  • Amamentação.
  • Histórico atual ou anterior de trombose venosa profunda ou tromboembolismo.
  • Histórico atual ou anterior de infarto, angina ou dor no peito.
  • Histórico atual ou anterior de acidente vascular cerebral ou isquemia cerebral transitória.
  • Histórico atual ou anterior de câncer de mama, útero ou ovário.
  • Doença hepática grave ou icterícia.
  • Alergia aos componentes da fórmula.

Além disso, a pílula do dia seguinte não protege contra as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV, sífilis, gonorréia, clamídia, herpes, HPV, hepatite B e C, entre outras. 

Por isso, é importante fazer o teste de ISTs após uma relação sexual desprotegida e usar sempre o preservativo nas próximas relações.

Os riscos a longo prazo da pílula do dia seguinte ainda não são bem conhecidos, pois não há estudos suficientes sobre o seu uso frequente ou prolongado. 

No entanto, alguns especialistas alertam que o uso repetido da pílula do dia seguinte pode causar desequilíbrio hormonal, irregularidade menstrual, infertilidade e aumento do risco de gravidez ectópica (fora do útero). 

Por isso, é recomendado usar a pílula do dia seguinte apenas em casos excepcionais e não como um método contraceptivo regular.

Interações Medicamentosas: Considerações Importantes ao Usar a Pílula

A pílula do dia seguinte pode interagir com alguns medicamentos, reduzindo a sua eficácia ou aumentando os seus efeitos colaterais. 

Por isso, é importante informar ao médico ou ao farmacêutico sobre todos os medicamentos que se está usando antes de tomar a pílula do dia seguinte.

Alguns exemplos de medicamentos que podem interagir com a pílula do dia seguinte são:

  • Antibióticos, como rifampicina, rifabutina e griseofulvina.
  • Anticonvulsivantes, como carbamazepina, fenitoína, fenobarbital e primidona.
  • Antirretrovirais, como ritonavir, efavirenz e nevirapina.
  • Antifúngicos, como cetoconazol e itraconazol.
  • Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum), um fitoterápico usado para depressão.
  • Ciclosporina, um imunossupressor usado para transplantes.

Esses medicamentos podem diminuir a concentração da pílula do dia seguinte no sangue, tornando-a menos eficaz. 

Nesses casos, pode ser necessário aumentar a dose da pílula do dia seguinte ou optar por outro método contraceptivo de emergência, como o DIU.

Por outro lado, alguns medicamentos podem aumentar a concentração da pílula do dia seguinte no sangue, podendo causar mais efeitos colaterais. Alguns exemplos são:

  • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco.
  • Antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina, nortriptilina e clomipramina.
  • Inibidores da bomba de prótons (IBPs), como omeprazol, pantoprazol e esomeprazol.

Esses medicamentos podem potencializar os efeitos da pílula do dia seguinte, podendo causar náuseas, vômitos, dor de cabeça e sangramento irregular. Nesses casos, pode ser necessário reduzir a dose da pílula do dia seguinte ou monitorar os seus efeitos colaterais .

Portanto, é importante consultar um médico ou um farmacêutico antes de usar a pílula do dia seguinte se estiver usando algum desses medicamentos ou outros que possam interferir na sua ação.

Pílula do Dia Seguinte vs. Contraceptivos Regulares: Diferenças e Similaridades

A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência que deve ser usado apenas em situações excepcionais, quando há o risco de uma gravidez indesejada após uma relação sexual desprotegida ou quando o método contraceptivo habitual falhou. 

Ela não deve ser confundida com os contraceptivos regulares, que são métodos de controle de natalidade que devem ser usados de forma contínua e planejada para prevenir uma gravidez.

Os contraceptivos regulares podem ser divididos em dois grupos: os hormonais e os não hormonais. 

Os contraceptivos hormonais são aqueles que contêm hormônios sintéticos que atuam no sistema reprodutivo feminino, impedindo a ovulação, alterando o muco cervical e dificultando a implantação do óvulo fecundado no útero. Alguns exemplos de contraceptivos hormonais são:

  • Pílula anticoncepcional: é um comprimido que deve ser tomado diariamente, no mesmo horário, durante 21 ou 28 dias, dependendo da formulação. A pílula anticoncepcional pode conter apenas progestagênio ou uma combinação de estrogênio e progestagênio.
  • Injeção anticoncepcional: é uma injeção que deve ser aplicada mensalmente ou trimestralmente, dependendo da formulação. A injeção anticoncepcional pode conter apenas progestagênio ou uma combinação de estrogênio e progestagênio.
  • Implante subdérmico: é um bastão flexível que é inserido sob a pele do braço, liberando progestagênio continuamente por até 3 anos.
  • DIU hormonal: é um dispositivo em forma de T que é colocado dentro do útero, liberando progestagênio continuamente por até 5 anos.
  • Anel vaginal: é um anel flexível que é colocado dentro da vagina, liberando estrogênio e progestagênio continuamente por 3 semanas.
  • Adesivo transdérmico: é um adesivo que é colado na pele, liberando estrogênio e progestagênio continuamente por uma semana.

Os contraceptivos não hormonais são aqueles que não contêm hormônios sintéticos e atuam de forma mecânica ou química, impedindo a entrada dos espermatozoides no útero ou matando-os. Alguns exemplos de contraceptivos não hormonais são:

  • Preservativo masculino: é uma capa fina de látex ou outro material que envolve o pênis ereto durante a relação sexual, impedindo o contato direto entre os órgãos genitais e o sêmen.
  • Preservativo feminino: é uma capa fina de plástico ou outro material que reveste a vagina durante a relação sexual, impedindo o contato direto entre os órgãos genitais e o sêmen.
  • Diafragma: é uma cúpula flexível de borracha ou silicone que é colocada dentro da vagina antes da relação sexual, cobrindo o colo do útero e impedindo a passagem dos espermatozoides. Deve ser usado em conjunto com um espermicida.
  • Espermicida: é uma substância química que mata os espermatozoides. Pode ser encontrado em forma de gel, creme, espuma, supositório ou filme. Deve ser usado em conjunto com um método de barreira, como o preservativo ou o diafragma.
  • DIU de cobre: é um dispositivo em forma de T que é colocado dentro do útero, liberando íons de cobre que têm ação espermicida e anti-implantação. Pode durar até 10 anos.
  • Esterilização: é um procedimento cirúrgico que interrompe definitivamente a capacidade reprodutiva. No caso da mulher, consiste na ligadura das trompas de Falópio. No caso do homem, consiste na vasectomia, que é o corte dos canais deferentes.

A principal diferença entre a pílula do dia seguinte e os contraceptivos regulares é que a pílula do dia seguinte é um método de emergência, que deve ser usado apenas em casos excepcionais, enquanto os contraceptivos regulares são métodos de rotina, que devem ser usados de forma contínua e planejada. 

Além disso, a pílula do dia seguinte tem uma eficácia menor do que os contraceptivos regulares e pode causar mais efeitos colaterais.

A principal similaridade entre a pílula do dia seguinte e os contraceptivos regulares é que ambos são métodos que visam prevenir uma gravidez indesejada. 

No entanto, nenhum deles é 100% eficaz e nenhum deles protege contra as ISTs. Por isso, é importante usar sempre o preservativo nas relações sexuais e fazer exames periódicos de saúde reprodutiva.

Uso Frequente: Potenciais Impactos na Saúde Reprodutiva

O uso frequente da pílula do dia seguinte não é recomendado, pois pode causar desequilíbrio hormonal, irregularidade menstrual, infertilidade e aumento do risco de gravidez ectópica. 

O uso frequente da pílula do dia seguinte pode reduzir a sua eficácia, pois o organismo pode se acostumar com a dose e não responder adequadamente.

O desequilíbrio hormonal causado pelo uso frequente da pílula do dia seguinte pode afetar o funcionamento normal dos ovários, alterando o ciclo menstrual e dificultando a ovulação. 

Isso pode levar a sangramentos irregulares, atrasos na menstruação, amenorreia (ausência de menstruação), dismenorreia (dor menstrual), síndrome pré-menstrual (TPM), entre outros problemas.

A irregularidade menstrual causada pelo uso frequente da pílula do dia seguinte pode dificultar o planejamento familiar, pois torna mais difícil saber quando ocorre a ovulação e quando há risco de gravidez. 

A irregularidade menstrual pode ser um sinal de outras condições de saúde, como endometriose, mioma uterino, cisto ovariano, entre outras.

A infertilidade causada pelo uso frequente da pílula do dia seguinte pode ser temporária ou permanente, dependendo da frequência e da duração do uso. A infertilidade temporária pode ser revertida após a interrupção do uso da pílula do dia seguinte e a normalização dos níveis hormonais. 

A infertilidade permanente pode ocorrer quando há danos irreversíveis nos órgãos reprodutivos ou quando há menopausa precoce.

O aumento do risco de gravidez ectópica causado pelo uso frequente da pílula do dia seguinte pode ocorrer porque a pílula do dia seguinte não impede totalmente a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, mas apenas dificulta a sua implantação no útero. 

Se o óvulo fertilizado se implantar fora do útero, como nas trompas de Falópio, no ovário ou na cavidade abdominal, ocorre uma gravidez ectópica. 

A gravidez ectópica é uma situação grave que requer tratamento médico urgente, pois pode causar hemorragia interna, infecção e ruptura dos órgãos afetados.

Portanto, o uso frequente da pílula do dia seguinte pode ter consequências negativas para a saúde reprodutiva da mulher. Por isso, é importante usar a pílula do dia seguinte apenas em casos excepcionais e não como um método contraceptivo regular. 

É importante consultar um médico ou um ginecologista regularmente para avaliar a saúde reprodutiva e escolher o método contraceptivo mais adequado para cada caso.

Conclusão: Tomando Decisões Informadas sobre a Pílula do Dia Seguinte

A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência que pode ser usado após uma relação sexual desprotegida ou quando o método contraceptivo habitual falhou, para prevenir uma gravidez indesejada. 

Ela pode ser composta por levonorgestrel ou por acetato de ulipristal, que funcionam atrasando ou inibindo a ovulação. 

Ela deve ser tomada o mais rápido possível, preferencialmente dentro de 12 horas ou até no máximo 72 horas depois da relação sexual desprotegida.

A pílula do dia seguinte é considerada um método seguro e eficaz, mas pode apresentar alguns efeitos colaterais e contraindicações que devem ser levados em conta antes de seu uso. 

Ela não protege contra as ISTs, por isso é importante usar sempre o preservativo nas relações sexuais e fazer o teste de ISTs após uma relação sexual desprotegida.

A pílula do dia seguinte não deve ser confundida com os contraceptivos regulares, que são métodos de controle de natalidade que devem ser usados de forma contínua e planejada para prevenir uma gravidez. Os contraceptivos regulares podem ser hormonais ou não hormonais, e têm uma eficácia maior e menos efeitos colaterais do que a pílula do dia seguinte. É importante consultar um médico ou um ginecologista regularmente para avaliar a saúde reprodutiva e escolher o método contraceptivo mais adequado para cada caso.

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